A Evolução do Comportamento do Consumidor de Energia
e os Novos Desafios para os fornecedores no Setor Elétrico
Não há como negar a urgência de mudanças estruturais no setor elétrico brasileiro. Mas independentemente do planejamento, velocidade ou assertividade das iniciativas legais e regulatórias, uma mudança de comportamento já age como um catalisador, trazendo ao mercado um novo perfil de consumidor de energia elétrica: mais informado, conectado, engajado e disposto a assumir o controle de seu consumo energético. Esse movimento, apoiado por inovações tecnológicas, alterações regulatórias e transformações culturais, exige que empresas do setor – especialmente aquelas que atuam diretamente na baixa tensão – revejam seus modelos de negócios e estratégias operacionais.
Venha com a 3D Watt explorar neste artigo os principais vetores dessa transformação e o que os players do setor precisam fazer para acompanhar essa nova realidade.
O Novo Perfil do Consumidor de Energia
O consumidor brasileiro de energia elétrica, historicamente passivo, começou a adotar uma postura mais ativa, apresentando evidências inquestionáveis dessa mudança de postura, tais como:
- O crescimento exponencial da Geração Distribuída (MMGD), que já conta com mais de 5 milhões de unidades consumidoras e mais de 40 GW de potência instalada.
- A crescente busca pela possibilidade de escolha, seja nos modelos de geração compartilhada, seja nas opções já disponíveis via mercado livre.
- Interesse crescente por tecnologias como medidores inteligentes, baterias de armazenamento residencial e veículos elétricos.
- Rápida adesão na migração para o mercado livre de energia após a abertura regulatória para toda a classe de tensão do grupo A.
Esse consumidor já não busca apenas economia, mas também controle, autonomia e sustentabilidade, influenciado por valores que já podem ser claramente percebidos.
Vetores da Transformação Comportamental
Em sintonia com os pilares da transição energética, essa mudança de comportamento do consumidor tem como vetores principais:
- A preferência pelo digital: Ferramentas de monitoramento e gestão do consumo em tempo real promovem maior consciência energética e comportamento pró eficiência.
- A sustentabilidade: A preferência por fontes renováveis reflete a internalização da consciência ambiental e alinhamento com metas globais de mitigação das mudanças climáticas.
- O foco na economia de tempo e dinheiro: Busca por soluções que simplifiquem sua vida e maximizem sua economia, aliando praticidade com redução real na conta de energia.
- A autonomia de escolha: Opções e liberdade para decidir conforme seus valores e necessidades.
- A customização: Busca por soluções ajustadas a sua rotina, consumo e objetivos financeiros.
- A valorização do ESG autêntico: Valorização de fornecedores com práticas ESG genuínas, que comprovem compromisso real, ética e impacto social positivo.
Implicações para os Players do Setor Elétrico
Em especial as empresas que atuam com consumidores em baixa tensão, devem adaptar seus serviços e operações comerciais para atender a esse novo consumidor. Algumas estratégias recomendadas incluem:
- Conhecimento técnico multidisciplinar com capacidade de analisar, mesmo que de forma preliminar, diferentes possibilidades tecnológicas, tarifárias e regulatórias para um mesmo problema energético.
- Perfil orientado ao cliente, com capacidade de escutar, adaptar soluções e atuar como parceiro estratégico de longo prazo.
- Comunicação clara e didática ajustada ao consumidor e com a capacidade de explicar conceitos técnicos de forma simples e objetiva.
- Atualização contínua acompanhando as novas tecnologias, regulamentações, tarifas e incentivos do setor elétrico.
Transformação contínua
Cada vez mais estaremos diante de um consumidor com novas demandas, novas competências e novas expectativas. Longe de ser uma tendência temporária, essa mudança é uma reconfiguração estrutural que ensejará a transformação contínua dos atuais modelos de negócios e a criação de novos modelos que eram impensáveis até pouco tempo atrás.
Para permanecerem competitivos e relevantes, os players desse mercado precisarão acelerar sua capacidade de adaptação, investindo ainda mais no treinamento de suas equipes, na inovação e inteligência de mercado, para cada vez mais centrar suas operações no consumidor.